quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A Arte de viver juntos

A arte de viver juntosRoberto T. Shinyashiki

Muitas pessoas formam um casal
 pensando que vão iniciar uma grande brincadeira
 cujo objetivo maior é o prazer.
 A experiência mostra que eles que pensam apenas
 no gozo são os que mais sofrem numa relação.

 Depois de algum tempo, vêm as insatisfações,
 as frustrações, as cobranças, a rotina e o tédio.
 A pessoa se sente como um peixe no anzol:
 tentou comer a minhoca
 e acabou virando comida de pescador!

Quando duas pessoas desejam se unir,
 devem criar um espaço no qual possam
 desenvolver a capacidade de viver a dois,
 buscar soluções criativas à medida
 que os obstáculos aparecem e aprendem
 a desfrutar todas as formas de viver com amor.

Após a grande libertação sexual dos anos 60 e 70,
 ficou fácil para as pessoas se encontrar
 e ter relacionamentos ocasionais,
em que aliviam as tensões,
 conhecem gente diferente
 e gozam de momentos agradáveis.
 Mas, ao mesmo tempo, cada vez mais,
 elas sofrem com a "ressaca sexual"
 - aquela sensação de vazio, culpa e insatisfação
 que acompanha tais relacionamentos.

 A pessoa acorda de manhã e se pergunta:
 "Meu Deus, o que estou fazendo nesta cama,
 ao lado desta pessoa:" Já dizia um poeta:
 "Deitei ao lado de um corpo
 e acordei à beira de um abismo..."

A ressaca sexual aparece toda vez que se comete
 uma agressão íntima contra si mesmo e,
 sem dúvida, é um aviso
 de que precisa ser mais cuidadoso.
 No passado, muitas pessoas experimentavam
 a "ressaca moral" por ter transgredido
 uma regra aprendida na infância,
 como a norma de que se deve ser fiel ao esposo
 ou praticar sexo apenas depois do casamento.

 Mas hoje o que nos chama a atenção
 é a ressaca sexual, cada vez mais experimentada
 por mulheres e homens que tiveram um grande
 número de relações superficiais e passageiras.
Passada a euforia da "liberação sexual",
as pessoas estão sentindo falta
 de relações profundas e sólidas!
Estar com alguém plenamente é um caminho de
 crescimento, um aprendizado de viver a dois;
 é a possibilidade de vencer o medo da entrega
 e de se conhecer no mais íntimo.

Conviver com alguém que amamos é o mesmo
 que comprar um imenso espelho da alma,
 no qual cada um dos nossos movimentos
 é mostrado sem a mínima piedade.
Ao mesmo tempo que conhecemos melhor o outro,
 entramos em contato com nossas inseguranças
 também. E aí começa o inferno...
Em vez de encarar a verdade e de ver a imagem
 temida do verdadeiro eu, tenta-se quebrar o espelho.

Como é possível quebrar esse espelho?
 Há muitas formas, porém as mais freqüentes são:
 fugir da intimidade, culpar o outro, não assumir
 as próprias responsabilidades na relação
 desacreditar o amor.
Viver com alguém que se uma oportunidade de
 conhecer o outro, mas também a maior chance
 de entrar em contato consigo mesmo.
Apenas quando conseguimos nos enxergar
 por inteiro é que percebemos o medo de nós mesmos
 e nos damos conta de que precisamos evoluir
 para nos tornar pessoas menores.
 Começamos, então, a nos capacitar para o amor.

Um dia, perguntaram a um grande mestre
 quem o havia ajudado a atingir a iluminação,
 e ele respondeu: "Um cachorro".
Os discípulos, surpresos, quiseram saber
 o que havia acontecido, e o mestre contou:
 "Certa vez, eu estava olhando um cachorro,
 que parecia sedento e se dirigia a uma poça d'água.
 Quando ele foi beber, viu sua imagem refletida.
 O cachorro, então, fez uma cara de assustado,
 e a imagem o imitou. Ele fez cara de bravo,
 e a imagem o arremedou.
Então, ele fugiu de medo e ficou observando,
 distante, durante longo tempo, a água.
 Quando a sede aumentou, ele voltou,
 repetiu todo o ritual e fugiu novamente.
Num dado momento, a sede era tanta
 que o cachorro não resistiu e correu em direção
 à água, atirou-se nela e saciou sua sede.
 Desde esse dia, percebi que, sempre que eu me
 aproximava de alguém, via minha imagem refletida,
 fazia cara de bravo e fugia assustado.
 E ficava, de longe, sonhando com esse
 relacionamento que eu queria para mim.
 Esse cachorro me ensinou que eu precisava
 entrar em contato com a minha sede
 e mergulhar no amor, sem me assustar com as
 imagens que eu ficava projetando nos outro".
Texto do livro:
"Amar Pode Dar Certo"

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